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O QUE É BOM PARA A CHINA É BOM PARA O BRASIL?


A ostentação de grandeza associada a delírios persecutórios com relação aos Estados Unidos, tem caracterizado as performances do presidente Luiz Inácio em suas viagens pelo exterior. Em Xangai, numa de suas “perigosas” improvisações, o presidente de novo fustigou os Estados Unidos através de uma alusão entendida como endereçada àquele país: “Sempre vai ter gente torcendo pelo (nosso) fracasso” (Estado de S. Paulo, 27/05/04). Ele voltou também à idéia de criar uma “nova geografia comercial” reunindo Brasil, África do Sul, Índia, Rússia e China, idéia que habita o reino do improvável, mas se reveste da intenção evidente de rebaixar os Estados Unidos na geopolítica mundial.

Mas será que passa pela cabeça do presidente e de seu governo que o Brasil comandaria esse processo, levando sobre os demais países todas as vantagens do ponto de vista do mercado e do comando político planetário? É interessante fazer essa pergunta diante do entusiasmo que toma conta, desde nosso mais alto mandatário até os nacionalisteiros de extrema direita que, sendo visceralmente antiamericanistas fazem coro com a esquerda radical. Estes conseguem unificar tendências nazi-fascista e comunista tropicais e, desse modo, fazem aflorar de forma exuberante a mentalidade do atraso que de fato nos mantém no Terceiro Mundo.

A China, com seu crescimento impressionante (o país é responsável por 25% do crescimento mundial e seu PIB de US$ 1,4 trilhão, já é o sexto maior do mundo) oferece oportunidades cobiçadas por inúmeros países, e que devem também ser buscadas pelo Brasil. Mas é preciso evitar arroubos desnecessários, que se funcionam com uma espécie de marketing de patriotada, podem criar expectativas excessivas que não seriam consumadas. Além do mais, se o comércio do Brasil com a China aumentou, até agora estamos funcionando como exportadores de alimentos e matéria prima, enquanto compramos produtos chineses acabados. É a mesma e tradicional relação em que o país mais adiantado domina o atrasado. Exportamos para os chineses, minério de ferro, siderúrgicos, soja em grão, óleo de soja, papel e celulose, peles e couro, madeira, (como exceção, autopeças e veículos) e importamos aparelhos e componentes eletroeletrônicos, máquinas e equipamentos, produtos químicos e orgânicos, instrumentos de ótica e precisão. E ainda houve a informação no dia 24 de que o Brasil estaria negociando a venda de urânio bruto à China, notícia desmentida no dia seguinte por conta da má repercussão. Parece que o governo Lulas sempre que tenta dar um passo à frente acaba dando dez para trás. Considere-se ainda, que a China imporá seus próprios termos com relação ao comércio brasileiro, que em termos de sua preferência vem depois dos Estados Unidos, Ásia e Europa. E se no futuro houver, segundo a hipótese levantada por líderes chineses, um choque de poder entre Estados Unidos e China, no momento a relação entre ambos é forte e estável.

Há, porém, outro lado importante a se destacar, ou seja, as relações China e Brasil no tocante aos direitos humanos. Para obter algumas bênçãos comerciais do governo chinês e barganhar apoio para conseguir o almejado assento permanente na OUN, o Brasil fez concessões abomináveis a Pequim. Duro na crítica contra os maus tratos que alguns soldados americanos impingiram a prisioneiros iraquianos, o Brasil se tornou conivente com o regime comunista que tortura de forma hedionda, condena a morte até por motivo de gravidez além da cota de filhos permitida, impede a liberdade de expressão, inclusive, pela Internet, impede a liberdade de Taiwan e do Tibet. Recorde-se que monges foram massacrados, destruídos seis mil monastérios budistas, exterminados 1,6 milhão de tibetanos. Mas nosso governo aceita como naturais essas atrocidades, como também as cometidas por Fidel Castro, o déspota do Caribe. Do mesmo modo, é indiferente às torturas que acontecem em nossas prisões, e que eventualmente levam à morte, como aconteceu com o chinês que foi trucidado numa prisão do Rio de Janeiro tendo ficado o crime por isso mesmo. Indo além para agradar, o Brasil votou servilmente na Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas a favor da moção chinesa para que seus “assuntos internos” não fossem debatidos. Tudo isso é vergonhoso, soa como retrocesso de nossa democracia e denigre nossa imagem no exterior. É preciso que se diga que nem tudo que é bom para a China jamais poderá ser bom para o Brasil.

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