PMDB velho de guerra
Quem gosta de se referir ao seu partido como “PMDB velho de guerra”, acentuando os erres com sotaque sulino, é o governador do Paraná Roberto Requião. Dono de um estilo estrondoso, especialista em violência retórica, ator consagrado de performances destemperadas, ele junta o talento do repentista com imediatismo do político quando resolve gerar factóides explosivos e de feição populista. O último desses factóides trouxe mais preocupações ao governo federal, pois o governador resolveu reestatizar as estradas do Paraná num momento em que o PT no poder tenta atrair investidores privados para obras de infra-estrutura através do projeto de Parceria Público-Privada (PPP).
Dando seqüência a promessas de campanha de baixar os preços dos pedágios, Requião assinou cinco decretos, declarando de “utilidade pública, para fins de desapropriação e aquisição do controle acionário, 100% das ações com direito a voto” das concessionárias Econorte, Ecovia, Rodonorte, Rodovia das Cataratas e Viapar. Escapou a Caminhos do Paraná, que abriu mão de reajuste e ainda fechou acordo com o governo para reduzir as tarifas do pedágio em 30%.
João Chiminazzo, diretor da regional paranaense da Associação Brasileira de Concessionários de Rodovias (ABCR), classificou de calote a ação do governo. Requião nega essa intenção e invoca o artigo 5º da Constituição que prevê “desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social”, não tendo ainda, porém, definido o valor das indenizações que o mesmo artigo constitucional se refere como “justas, prévias e em dinheiro”. Já o editorial do O Estado de S. Paulo, de 11/01/04, chama atenção para o “grau de atualização ideológica no tempo” de tal medida bombástica apontando que, “sob o ponto de vista histórico, o grau de ‘modernização’ político-administrativa que representa o insopitado início de reestatização das estradas do Paraná, determinado pelo governo Requião, talvez só encontre paralelo na espalhafatosa encampação da Light feita por Leonel Brizola nos inícios dos anos 60, ao tempo em que governava o Estado do Rio Grande do Sul”.
Seja como for, a promessa de fazer uma reforma agrária modelo, o bloqueio da circulação de produtos geneticamente modificados que provocou um forrobodó não apenas no Paraná, mas em outros Estados e agora a reestatização das estradas (já está também em curso o rompimento com a Ferropar S/A, empresa privada que arrendou uma ferrovia do Estado), permitem conjecturas entre as quais se incluem sonhos mais altos do governador paranaense, que no momento parece querer ser mas “pietê” do que o “pietê”, mais Lula do que Lula, mais “esquierda” do que a “esquierda”, enfim, o Requião do B.
Seja como for, Requião almoçou na casa do ministro José Dirceu no dia 15 deste. Ao lado do presidente da República e do poderoso ministro Dirceu, ambos trajados com impecáveis ternos cuja cor preta realçava seus White collar, o governador Requião vestia calças jeans desbotadas e camiseta blue collar como se fosse um metalúrgico. Como o PT e o PMDB parecem ter consumado casamento na reforma ministerial, e nas conversações pode ter surgido a hipótese de um vice peemedebista na chapa de Lula, não rondaria a ambição desse alto posto na mente do governador Requião? Ou será que ele mesmo quer chegar lá? Se conseguirá é outra coisa, pois como se diz, muita água ainda vai correr debaixo da ponte. Em todo caso, o presidente convidou o governador para participar de sua próxima viagem à Índia e fica difícil saber se o agrado advém da amizade profunda que une os dois, ou porque seria mais prudente manter por perto o intempestivo governador do Paraná, que disse certa vez que sobe no palanque até com o diabo. E olha que disso o PT entende.
O PMDB velho de guerra já foi partido dominante, uma espécie de PRI do México, sendo que agora o PT assumiu essa posição. No momento os dois partidos estão unidos, o que parece tornar o PT imbatível. Mas as ambições que alimentam o poder geram contradições, desavenças e acirradas disputas, e casamentos podem se transformar em divórcio. No mais, que se recorde Maquiavel: “Quem cria o poder de outro se arruína, pois esse poder se origina na astúcia ou na força, e ambas são suspeitas a quem se torna poderoso”.
Dando seqüência a promessas de campanha de baixar os preços dos pedágios, Requião assinou cinco decretos, declarando de “utilidade pública, para fins de desapropriação e aquisição do controle acionário, 100% das ações com direito a voto” das concessionárias Econorte, Ecovia, Rodonorte, Rodovia das Cataratas e Viapar. Escapou a Caminhos do Paraná, que abriu mão de reajuste e ainda fechou acordo com o governo para reduzir as tarifas do pedágio em 30%.
João Chiminazzo, diretor da regional paranaense da Associação Brasileira de Concessionários de Rodovias (ABCR), classificou de calote a ação do governo. Requião nega essa intenção e invoca o artigo 5º da Constituição que prevê “desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social”, não tendo ainda, porém, definido o valor das indenizações que o mesmo artigo constitucional se refere como “justas, prévias e em dinheiro”. Já o editorial do O Estado de S. Paulo, de 11/01/04, chama atenção para o “grau de atualização ideológica no tempo” de tal medida bombástica apontando que, “sob o ponto de vista histórico, o grau de ‘modernização’ político-administrativa que representa o insopitado início de reestatização das estradas do Paraná, determinado pelo governo Requião, talvez só encontre paralelo na espalhafatosa encampação da Light feita por Leonel Brizola nos inícios dos anos 60, ao tempo em que governava o Estado do Rio Grande do Sul”.
Seja como for, a promessa de fazer uma reforma agrária modelo, o bloqueio da circulação de produtos geneticamente modificados que provocou um forrobodó não apenas no Paraná, mas em outros Estados e agora a reestatização das estradas (já está também em curso o rompimento com a Ferropar S/A, empresa privada que arrendou uma ferrovia do Estado), permitem conjecturas entre as quais se incluem sonhos mais altos do governador paranaense, que no momento parece querer ser mas “pietê” do que o “pietê”, mais Lula do que Lula, mais “esquierda” do que a “esquierda”, enfim, o Requião do B.
Seja como for, Requião almoçou na casa do ministro José Dirceu no dia 15 deste. Ao lado do presidente da República e do poderoso ministro Dirceu, ambos trajados com impecáveis ternos cuja cor preta realçava seus White collar, o governador Requião vestia calças jeans desbotadas e camiseta blue collar como se fosse um metalúrgico. Como o PT e o PMDB parecem ter consumado casamento na reforma ministerial, e nas conversações pode ter surgido a hipótese de um vice peemedebista na chapa de Lula, não rondaria a ambição desse alto posto na mente do governador Requião? Ou será que ele mesmo quer chegar lá? Se conseguirá é outra coisa, pois como se diz, muita água ainda vai correr debaixo da ponte. Em todo caso, o presidente convidou o governador para participar de sua próxima viagem à Índia e fica difícil saber se o agrado advém da amizade profunda que une os dois, ou porque seria mais prudente manter por perto o intempestivo governador do Paraná, que disse certa vez que sobe no palanque até com o diabo. E olha que disso o PT entende.
O PMDB velho de guerra já foi partido dominante, uma espécie de PRI do México, sendo que agora o PT assumiu essa posição. No momento os dois partidos estão unidos, o que parece tornar o PT imbatível. Mas as ambições que alimentam o poder geram contradições, desavenças e acirradas disputas, e casamentos podem se transformar em divórcio. No mais, que se recorde Maquiavel: “Quem cria o poder de outro se arruína, pois esse poder se origina na astúcia ou na força, e ambas são suspeitas a quem se torna poderoso”.