Regulação: um longo caminho a percorrer - entrevista do Presidente do IMP ao site IGD sobre o 2o. Energycon 24/06/2009
Demócrito Reinaldo Filho – O debate se tornou extremamente importante devido aos problemas regulatórios do setor energético evidenciados nos últimos anos. Muitos aspectos jurídicos envolvendo o setor não recebem a relevância necessária pelo Congresso e os agentes da área energética, resultando em graves prejuízos no futuro. Um exemplo disso é a discussão no Congresso sobre uma reforma tributária que pode atingir sensivelmente o setor de produção de energia no país. Deveria existir uma confluência entre os debates econômicos e políticos da regulamentação com os aspectos jurídicos para evitar a inviabilidade financeira de alguns projetos futuros de produção de energia, caso os tributos onerem excessivamente as empresas do setor.
IGD News – Como o senhor avalia o setor de energia do ponto de vista regulatório?
Demócrito Reinaldo Filho – A partir da promulgação da Constituição de 1988, o Estado brasileiro iniciou uma série de reformas estruturais com o objetivo de viabilizar uma transição do modelo de intervenção econômica para um modelo de economia mais liberal. Ou seja, o Estado empreendedor, produtor de bens e serviços, cedia lugar ao Estado regulador. Essa regulação consiste em, basicamente, deixar com a iniciativa privada a responsabilidade da oferta, garantindo os incentivos inerentes ao sistema de mercado, mas estabelecendo regras para atuação das empresas no mercado e para a qualidade e preços dos produtos e serviços ofertados. Mesmo com a criação das agências nacionais de Petróleo (ANP) e de Energia Elétrica (Aneel), ainda discute-se muito o papel delas. Por exemplo, discute-se se elas conseguiram atingir sua finalidade de estabelecer um ambiente regulatório adequado, que propicie a melhoria da qualidade no fornecimento de energia e uma política de preços que reflita a interação competitiva entre os agentes do mercado. Prova disso é que os profissionais do Direito e as cortes judiciárias têm se confrontado com inúmeras questões surgidas em decorrência de insuficiências na aplicação das regras definidas pela regulação destes dois setores.
Demócrito Reinaldo Filho – Ainda não e é fundamental esse detalhamento jurídico tanto do papel das agências reguladoras quanto do novo modelo energético. Só com regras mais estáveis e seguras, os empresários brasileiros, e mesmo o investidor estrangeiro, terão tranquilidade para executar seus projetos de produção e distribuição de energia para atender o crescimento econômico do país. E só estou falando de segmentos que possuem algum marco legal. Existem segmentos empresariais em situação muito mais preocupante.
IGD News – Quais segmentos?
IGD News – O IMP promove, pelo segundo ano consecutivo, um congresso para debater o aperfeiçoamento do setor de energia do ponto de vista regulatório (Energycon). Qual o conteúdo que será apresentado este ano?
Demócrito Reinaldo Filho – O Congresso de Direito da Energia, já consagrado e conhecido como Energycon, adquiriu importância como fórum para o debate das soluções para os desafios e problemas regulatórios do setor de energia. Para este ano, o programa prevê debates de temas envolvendo segmentos como elétrica, nuclear, fontes alternativas, gás natural e petróleo e derivados.